Nossa história

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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Histórias daquele tempo - É uma astronauta?


É uma astronauta?

Iracema, suas contribuições são valiosas - obrigada por mais essa história.

Na nossa sala, contávamos a dedo as meninas estudiosas e Selésia era uma delas. Sempre tirava 10 em todas as matérias e se por acaso não tirava, caía no choro - ela se orgulhava disso. Vivíamos pegando pesca com a nossa amiga, que sempre se manteve como uma das " mais mais", quando o assunto era aluna exemplar.

Pensávamos: "Cada uma no seu quadrado" e Selésia se destacava pela disciplina e correção - era uma aluna politicamente correta, xodó das freirinhas do colégio.

Um belo dia, chega ela na sala de aula, toda cabisbaixa, com cabeça e queixo enfaixados. Parecia uma astronauta - só se viam seus olhinhos e boca - as bochechinhas estavam cobertas pela larga faixa, que pressupomos, pretendia protegê-la.

Imaginamos - Será que Selésia havia levado um tombo tão feio, ao ponto de ter de amarrar toda a cabeça? Ou será que estava de caxumba? Ficamos sem resposta...

Ela se limitava a assistir às aulas e ía embora para casa tristinha com toda aquela situação - as colegas não deixavam de pegar no pé, mas ela se mantinha calma, aguentando tudo aquilo com parcimônia.

Até hoje não sabemos o que Selésia viu, que a deixou de queixo caído...

Fique em paz amiga!



Café da Manhã no Restaurante Grande Sertão

Café da Manhã no Restaurante Grande Sertão

Esse encontro promete. Somos tantas e estamos, na grande maioria, sem nos vermos há 45 anos...

Gente, a expectativa é grande. Vamos nos reconhecer? Como matar a saudade de tanto tempo?

Realmente, vamos nos surpreender, e muito. Como estarão nossas queridas amigas? Como suas vidas caminharam durante esse tempo? Saberemos!

Vejam vocês... O contato virtual já é tão animado, imaginem pessoalmente o que não vamos aprontar...Eternas molecas, desastradas, impertinentes, hiperativas, graças a Deus...rs

Ansiosas, visualizamos cada uma e procuramos reconhecer na nossa própria história, tudo que tanto marcou nas nossas vidas. Momento de reflexão, saudosismo... SIM. Que bom que é assim!
Agora é esperar o dia 02 de junho chegar. É reunir todas as energias boas para o encontro das AMIGAS PARA SEMPRE...


segunda-feira, 28 de maio de 2012

Histórias daquele tempo - Cadê o rato???



Cadê o rato??????

Marli enviou mais essa que fica na história da forma mais espalhafatosa...rs
Era um dia comum de aulas, como sempre. Naquela época, tínhamos o costume de levar nossos próprios lanches, que ficavam acondicionados nas nossas pastas até a hora do recreio. Era a hora mais esperada do dia - a hora da descontração, da comilança...

Nesse dia, tudo aconteceu diferente. Estávamos até calmas, quando soou o sino do intervalo. De repente, com quase todas merendando, Maria Júlia abre a pasta para retirar o seu lanche...Minha gente, em lugar do lanche, acreditem, pulou de dentro da sua pasta nada mais nada menos que um RATO... Foi um Deus nos acuda...Gritávamos...Ai...Ui...Ai...Ui...Ó o rato...Ó o rato...Ó o rato aí...

Foi um estardalhaço daqueles. Não teve uma viv´alma que ficasse no chão - todas pularam para cima das carteiras e começaram a gritar desesperadamente, histéricas, num alvoroço terrível, com exceção de Jane, a valente da turma.

De repente, Jane, a nossa salvadora, se muniu de uma vassoura que estava atrás da porta, prendeu a saia para não dar lance e começou a correr atrás do Sr. Rato... Uma dizia: Ali Jane... Ali Jane... Outra falava: Mata logo...Acaba com ele... A nossa heroína Jane, concentrada, não ria nem olhava prá ninguém, só pulava atrás do rato e ele escapulia...O barulho na sala era tamanho que chamou a atenção de todo  mundo. Era gente chegando, batendo na porta e nós só gritávamos, enlouquecidas. No meio desse pavor todo, ecoa uma gargalhada... Só podia ser de Marli, a risada mais famosa do colégio - hoje, creio que ela ria em sinal de nervoso, víamos o medo estampado em seu semblante.

Era vassourada prá todo lado e nada de acertar o Sr. Rato, que num vacilo momentâneo, levou a pior - uma porrada firme nos meio dos "cornos", saindo cambaleando... Jane, determinada, não dava trégua... Toma-lhe vassourada prá todo lado, até que vencido, tombou esquartejado. UFA! Finalmente o terror acabou e nós, refeitas do susto, pudemos enfim, lanchar em paz.

Resta a pergunta: " De onde veio o Sr. Rato?"
Só restam duas hipóteses: Da casa de Maju ( era esse o seu apelido) ou do próprio colégio, onde estava, à espera de uma brecha para emburacar na primeira pasta aberta que encontrasse?
Quem souber, morre...ahahah

Até hoje perdura o mistério. Nunca saberemos, mas preferimos acreditar que ele estava rondando o colégio e na primeira oportunidade, CRAU!

Rato malandro esse!


Histórias daquele tempo - Essa morena...



Essa morena...

Gracinha, obrigada por mais uma história. Já éramos mais mocinhas. Curso Pedagógico, no auge da vaidade, mas não menos espevitadas. 

Lindaiá era um exemplo vivo do que falamos. No esplendor da sua beleza morena, realçada pela maquiagem bem elaborada, sombra colorida, rímel nos cílios já longos e os olhos normalmente buliçosos e sedutores, brilhavam ainda mais, um brilho especial ( Cristóvão era o motivo do brilho extra).

Mas... Ela despertava paixões, como aconteceu com o Prof. Ivan, nosso mestre de Português, por sinal um ótimo professor e um gentleman... Acontece que ele era observado sem saber...E vivenciávamos o esforço que ele fazia para se conter diante de nossa amiga Lindaiá.

Um belo dia, ele pisou na bola, deixando à mostra os seus sentimentos e intenções... Aliás, ele pisou mesmo foi no tomate...rs

Meio de aula. Todas concentradas. Assunto fascinante: O livro Mar Morto de Jorge Amado. Professor Ivan, faz um resumo da caracterização dos personagens, começando, é claro, por Guma e Lívia. De repente, começa a deitar falação sobre Rosa Palmeirão, não desgrudando os olhos de Lindaiá. A Rosa Palmeirão descrita por ele era uma mulher deslumbrante, mulher do tipo que faz história. Bonita, valente, de uma morenice cor de chocolate ( nunca esqueceremos a metáfora, pois não está no livro), atraindo todos os olhares. Morena boa de briga e de cama, não negava fogo em nenhuma das duas circustâncias.

Gracinha então, levantou o dedinho e matreiramente, por pura malícia, perguntou se Rosa Palmeirão não era uma prostituta. Ele ficou vermelho como um tomate. Caiu das nuvens no chão e quase infarta. Sua resposta foi ímpar... Ressaltou que o importante na personagem era a sua coragem, sua beleza e o fato das suas aventuras terem inspirado um livro, o ABC de Rosa. Completou que a alcunha de Rosa Palmeirão tinha nascido do fato dela carregar sempre no decote uma flor do mesmo nome.

A aula terminou com o nosso mestre cabisbaixo, como nunca foi...

Essa morena fazia sucesso...


domingo, 27 de maio de 2012

Histórias daquele tempo - Ai que fedor!!!!!


 Ai que fedor!!!!!

Anne, essa é hilária...rs
As aulas transcorriam naturalmente, sem tropeços nem travessuras naquele dia, até que chega Lindaiá com um frasco, hermeticamente fechado, com um conteúdo esquisito, meio esverdeado. Em determinado momento, ela decidiu abrir o tal frasco e foi um Deus nos acuda.

O cheiro forte que exalava daquele recipiente era de matar... Um fedor insuportável, a ponto de afugentar todo mundo da sala. Ela só fazia rir e ameaçar todas nós... Não ficou uma alma viva por perto, tamanha a podridão que empestiava tudo...

Vejam vocês, até que ponto chega uma mente criativa... Se tratava de um pedaço de carne, que Lindaiá deixou apodrecer dentro daquele frasco, para na hora certa levar para o colégio e provocar em todo mundo, exatamente aquela reação que estávamos tendo naquele momento.

Foi um corre corre dos pecados e até hoje nos lembramos daquele odor terrível...

Era uma atrás da outra...rs

Histórias daquele tempo - Café das Freiras

Café das Freiras


Anne lembrou de mais uma travessura. Pela manhã, nosso turno no colégio, chegávamos muito cedo, até para colocarmos a conversa em dia com as colegas. Era inevitável que sentíssemos o cheirinho do cafezinho feito na hora, vindo da cozinha das freiras. A vontade de tomar aquele café era imensa, mas nos faltava pretexto, até que um dia, Lindaiá teve a idéia - simulou estar passando mal e amparada por Anne e Magali, lá chegou, fingindo um mal estar muito grande.

Não deu outra - as freirinhas, sem suspeitar de absolutamente nada, acomodaram Lindaiá numa das cadeiras da cozinha e mais que depressa lhe serviu aquele café tão desejado, que foi degustado vagarosamente, até para não deixar transparecer que tudo se tratava de uma farsa.

Essa ficou na nossa história e demonstra claramente o nosso espírito travesso e irreverente.

Eita café bom danado!


sábado, 26 de maio de 2012

Histórias daquele tempo - Suicídio Forjado


Suicídio Forjado

Erika lembrou de mais essa. Naquele dia, o colégio estava um marasmo total, nada acontecia de interessante. As aulas entediantes inspiraram a Erika e Cristina uma idéia radical: iriam simular uma tentativa de suicídio no mirante do colégio.

Planejaram muito bem essa história e na hora do recreio, Cristina chega correndo, apavorada, gritando aos quatro ventos que Erika estava ameaçando se jogar do mirante. Não precisa dizer que todo mundo correu para presenciar essa loucura. Uma gritaria daquelas. Umas choravam, outras riam, outras ficavam mudas, assustadas, paralisadas.

As freirinhas ficaram malucas de preocupação e de tudo fizeram para fazê-la declinar dessa idéia. Até prometeram aliviar nos castigos, tanto que ela descesse do mirante e esquecesse essa loucura. Pouco tempo depois, sua mãe chegou, chorando, implorando para ela não se jogar.

Erika dizia: " Não adianta... Vou me jogar..." E fazia gestos que não deixavam dúvida sobre a sua decisão. Se ouvia então aquele OHHHHHHH!!!!!

Essa situação durou aproximadamente uma hora, as aulas foram suspensas, as alunas foram dispensadas e Erika foi levada à enfermaria para se acalmar...

Quando tudo acabou, Erika e Cristina morreram de rir, mangando de todo mundo, com o objetivo da travessura alcançado, que era a suspensão das aulas.

Dessa data em diante, as freiras fecharam o acesso ao mirante, impedindo que as alunas pudessem aprontar mais alguma estripulia por lá.

Como consequência, Erika precisou enfrentar uma maratona de psicólogos e orientadores, inconformada que estava a sua mãe com aquela atitude, sem saber ao certo como agir, quando na verdade, tudo não passou de uma brincadeira inocente.

Que menina maluquinha!

Histórias daquele tempo - A Bomba de Hiroshima



A Bomba de Hiroshima

Magali, como sempre, nos ajudando com novas histórias. Esta, a princípio cândida, vai demonstrar o quanto somos explosivas...rs

Era hábito em certas épocas do ano, a promoção de retiros espirituais para a nossa formação religiosa, já que o colégio se destinava também a este tipo de educação, da qual nossos pais muito se orgulhavam.

Era a casa do Retiro São Francisco. Estávamos lá. Em retiro, em contrição, meditando e elevando nossos pensamentos. Depois de um dia de longa rotina, havia uma grande reunião para meditar, cuja condução cabia a Irmã Hermínia e Padre Hamilton.

Neste dia, jantamos uma parcimoniosa sopa de cebola. Algumas repetiram o prato, dentre elas, acreditamos, que Lindaiá estivesse incluída, não duvidamos. Passamos em seguida para um salão, onde já nos aguardavam cadeiras confortáveis, arrumadas em círculo, para que pudéssemos dar início à meditação.

Magali estava sentada ao lado de Lindaiá e Padre Hamilton então, solicitou que fechássemos os olhos e nos concentrássemos. Naquele momento, tudo era envolvido por uma aura mágica, quase levitávamos de tão concentradas.

Nesse estado de torpor, ouvimos um barulho estrondoso, capaz de abalar as estruturas da sala onde estávamos a meditar. Magali, assustada, ainda confusa, demorou a sair do torpor e aos poucos, imaginou que Lindaiá havia levado um tombo, caindo da cadeira. Ao abrir os olhos, nossa amiga olhou atentamente para Lindaiá, que permanecia imóvel, sem ao menos olhar para os lados.

O quadro era o seguinte: Irmã Hermínia paralisada, roxa de vergonha, Padre Hamilton, de cabeça baixa, sacudia os ombros, numa convulsão de risos e as demais colegas olhavam atentamente para Lindaiá e esta, calada, se limitava a ignorar a situação.

Aí, entendemos tudo. Lindaiá havia soltado um "PUM". Uma verdadeira bomba, apelidada depois como A Bomba de Hiroshima. Toda concentração acabou ali - nossos mestres não tinham a menor condição de dar continuidade à meditação, suspendendo a reunião.

Todas nós, saímos do recinto nos contorcendo de tanto rir. Saímos aos bandos para o quarto de Magali e Lindaiá, para gargalhar. Caímos no chão descontroladamente. Rejane precisou sentar na lata de lixo, fazendo xixi de tanto rir. Não sabemos quanto tempo ficamos nesse descontrole, apenas lembramos que as freiras do Retiro precisaram nos dispersar, para que nos recolhêssemos.

Essa foi de matar!

Histórias daquele tempo - Gargalhada Boa


Gargalhada Boa...

Mais uma contribuição de Anne. Era aula de inglês com a Pró Tânia. Sem um motivo específico, começamos a rir... Rir muito... Uma gargalhada geral...Incontroláveis, não conseguíamos parar... Quando fazíamos uma pausa, logo começávamos tudo novamente... Bastava que uma olhasse para a outra e tudo recomeçava, como uma descarga elétrica...

A Pró Tânia, grávida por sinal, não conseguiu conter a turma e por isso, não deu a sua aula naquele dia. Foi imediatamente para a Diretoria e se instalou aquele "suspense" entre todas nós. O que aconteceria?

Foi então que chegou à sala a diretora ou vice-diretora do colégio e toma-lhe sermão... Um Blá...Blá...Blá daqueles. Não satisfeitas, olhamo-nos mais uma vez e aconteceu tudo de novo - uma começou a rir, outras deram continuidade e a situação ficou insustentável... Uma euforia incontrolável.

Não deu outra - Anne e mais 10 colegas encaminhadas para a Diretoria, receberam suspensão por 03 dias. Para explicar em casa, ela inventou para o pai, alemão severo, que a turma teria ido a um passeio no Retiro São Francisco e assim, se safou de levar um bom castigo, embora a sua mãe soubesse do ocorrido.

Rir é o melhor remédio!

Histórias daquele tempo - O lanche sumiu...


O lanche sumiu...

Agora é a vez de Anne lembrar de mais uma façanha nossa. O colégio sempre dispôs de uma sala onde todos os dias era servida a merenda dos professores. Descobrimos e reunimos um grupinho, de umas 05 colegas e sorrateiramente nos entocamos na sala para um verdadeiro " arrastão".

Magali, sem qualquer cerimônia, comia tranquilamente, pãezinhos e sucos, alternadamente, na maior cara de pau, enquanto as demais colegas praticamente enfiavam pão e suco ao mesmo tempo goela adentro, com receio de serem descobertas.

Repetimos essa experiência por outras vezes, até que as freiras decidiram investigar. A desconfiança sempre recaía na nossa turma, por sermos estigmatizadas no colégio como as arruaceiras que sempre aprontavam. Mas, por mais pressão que se fizesse, ninguém nos entregou e ficou o dito pelo não dito, tendo elas que "engolir mais essa".

O certo é que, depois da última vez, começaram a trancar a porta da sala das prós, só abrindo quando os professores chegavam. Afinal, eles fizeram por um bom tempo regime forçado... Mas até que alguns precisavam...rsrs

Huuummmm... Delícia!!!


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Histórias daquele tempo - Pulga danada


Pulga danada


Mais uma do acervo de Magali. Naquele colégio, tudo era motivo para extrapolar, até a dancinha ingênua do pirulito, inventamos. Éramos as 04 amigas inseparáveis - Magali, Erika, Vera e Cristina. Uma turma da pesada, visadas por onde passavam, pois estavam sempre a liderar toda sorte de travessuras no colégio.

E nesse dia não foi diferente. Compramos, cada uma um pirulito e colocamos o palito na boca, deixando a bolinha balançando para cima e para baixo, à medida que cantávamos, de braços dados, de um lado para o outro, na sala embaixo da escada, a seguinte música:

Pulga danada porque não me larga... Ai... Ui...Ai...Ui...(e o pirulito subia e descia)
Se eu te pegar, vou pisar, vou matar... Ai...Ui...Ai...Ui... (e o pirulito subia e descia)
Eu me coçando, como é que vai ser... Ai...Ui...Ai...Ui... (e o pirulito subia e descia)
O meu garoto não vai me querer...Tã...Rã...Tã...Rã...Tã...Rã... (e o pirulito se descontrolava, subindo e descendo)

Repetimos essa cantiga por um bom tempo, até que a Irmã Hermínia ( ela sempre cortava nosso barato), nos impediu de continuar com a brincadeira. Nós éramos bem assim mesmo - quando não tinha o que fazer, a gente inventava...rsrsrs

"Quem canta, seus males espanta..."






Histórias daquele tempo - Viva a Democracia!


Viva a Democracia!

Era o ano de 1967. Magali lembrou bem dos rasgos de militância política. Era um dia especial na política do nosso país, com manifestações por todos os lados. A ditadura era ferrenha, castradora, terrível. O AI5 aí estava, levando nossas cabeças pensantes, assim como levou, cassado, o pai dessa nossa amiga, motivo pelo qual, com toda razão, estava inconformada, revoltada.

Não sabíamos bem o que todo aquele movimento significava, mas a certeza de que deviamos apoiá-lo, isso sim, tinhamos convicção. Magali já carregava no seu DNA essa consciência política por questões familiares e sempre que havia algum espaço lá estava ela a extrapolar sua rebeldia, a fazer discursos em cima das cadeiras da sala de aula, o que sempre lhe rendia algumas suspensões. 

Erika, naquela época remota, sabia que era justo lutar pelos direitos da maioria oprimida, embora para ela tudo isso fosse também uma grande farra.

Foi assim, que reunimos um grupinho da nossa turma e munidas de toda a nossa coragem adolescente, partimos para a Praça da Sé, pois soubemos que ali estavam reunidos estudantes, como nós, a reivindicar direitos. 

Ao chegarmos nas imediações da Praça Municipal e a Praça Castro Alves, constatamos que " o pau tava comendo solto"... Bombas de efeito moral, o maior tumulto. O barulho da manifestação nos deixou apavoradas, embora não confessássemos umas às outras o nosso medo.

Erika então, segurou forte no braço de Magali tentando detê-la e esta lhe perguntou se estava com medo, ao que ela prontamente respondeu:

" Estou sim, mas não é com medo por mim não. Tô com medo por você".

Naquele momento, sentimos que ela havia verbalizado o medo de todas nós e de imediato demos meia volta e voltamos para o colégio.

E assim, plantávamos uma semente...


Histórias daquele tempo - Passeio a Praia de Inema

Passeio a Praia de Inema

Obrigada Iracema, por mais essa história. Era um dia de verão e como de costume, as freirinhas do colégio, organizavam passeios com a turma. Um deles aconteceu à Praia de Inema, que por ser privativa, reservada à Marinha, não se corria o risco de nos misturarmos à população em geral.

Tantas recomendações antes de sair, visto que era muita responsabilidade das ditas freirinhas, cuidar de uma turminha de meninas, cheias de hormônios, no auge da adolescência. Depois de todas as orientações, seguimos em um ônibus fretado, animadíssimas. Mas, nossas monitoras estavam tranquilas. Por ser uma praia deserta, só nosso grupo lá estaria, o que de certa forma, diminuíam as possibilidades de intercorrências.

Levamos nossos novos biquinis de duas peças ( naquela época só se via um pedacinho da barriga...rs), lanches e muita disposição para jogos e brincadeiras.

Chegamos. Aquela turma de 30 meninas, repletas de disposição. Ao pisar na areia da Praia de Inema, a surpresa - não estávamos sós para o desespero das nossas cuidadoras. O Colégio São Bento, na época, só de meninos, também teve a mesma idéia e já estavam por lá quando desembarcamos.

Foi um reboliço total. Os meninos chegaram a revirar os olhinhos de felicidade ao nos vermos, todas lindas adolescentes, respirando juventude e cheias de olhos para eles...rsrs

As freirinhas quase têm um troço. Tentaram cercar nossa turma de todo jeito, com receio de que as mais afoitas se aventurassem em terreno alheio ...Tentaram inclusive separar os colégios de todas as formas, mas a esta altura, já estávamos entrosados de tal maneira, que o jeito foi relaxar e aproveitar o dia que ainda começava.

Aí, foi alegria geral. Brincamos durante todo o dia, tomamos banho de mar e ao nos prepararmos para voltar, bateu  aquela saudade, de um dia tão atípico na nossa rotina.

Tempo bom demais gente!


Histórias daquele tempo - Tem um homem escondido...


Tem um homem escondido...

Daise lembrou de mais uma. Como vocês sabem, num colégio de freiras, com internato e tudo, só víamos meninas para todo lado. Garotos eram espécimes raros, de uma fauna desconhecida, naquele pedaço.

Não é que Lindaiá vislumbrou a existência de um homem naquele recinto? Meninas, acreditem - a notícia chegou como uma bomba e ela, assustada, se encarregou de espalhar a boa nova:

TEM HOMEM NO COLÉGIO.

Era uma fofoca danada. Umas acreditavam, outras não. Umas procuraram por todos os cantos do colégio, outras se limitavam a esbugalhar os olhos quando se falava no assunto.

O caso era abafado, várias histórias surgiram na época - Eu ví... Viu nada...É mentira... A cada momento, uma dizia que teria visto o homem em algum lugar. Era um mistério.

Até que um belo dia, confirmou-se a história. Ele estava lá. Na clausura. Descobriu-se então ser o irmão de Irmã Ave Maria, sabe-se lá porque estaria "hospedado" num colégio só de meninas.

Comentava-se a boca pequena - Por que será que esconderam um homem aqui dentro?

Ao final, nada ficou esclarecido e a pergunta ainda paira nas nossas cabeças, hoje maduras - POR QUE?

PSIU!!!!



Histórias daquele tempo - A Bomba Atômica


A Bomba Atômica

Mais uma de Daise. Estávamos no Auditório, à espera de algum evento ( todos eram realizados lá), quando Lúcia Rosa iniciou uma abordagem sobre a Bomba Atômica. Ela praticamente fez um discurso sobre o tema.

Falava... Falava... Falava...Uma verdadeira tese em torno do assunto, com riqueza de detalhes. A princípio, ouvimos atentamente, fizemos perguntas, interagimos...

Ela foi se empolgando cada vez mais... Não finalizava o assunto. Já estávamos entediadas e ela continuava com suas explicações. Não prestávamos mais atenção, dávamos pistas de que já havia rendido o que devia, mas ela, queria demonstrar a todo custo que conhecia como ninguém sobre Bomba Atômica e foi se estendendo a tal ponto que acabou isolada, falando sozinha.

Não tivemos coragem de interromper e ela não se tocava... Foi hilário!!!!

Ô assunto interressante...rs


Histórias daquele tempo - Professor Argeu


Professor Argeu

Essa história faz parte do acervo de Daise.

Era o primeiro dia de aula do Prof. Argeu. Ele já entrou tenso na sala, pois a nossa fama de bagunceiras, corria mundo. Era a famosa 4a. série do Colégio São José.

O certo é que ao adentrar o recinto e cumprimentar as novas alunas, ele tropeçou no degrau que dava acesso à carteira do professor e caiu feio, de quatro, com as mãos espalmadas no chão. Imaginem a vergonha que ele sentiu naquele momento - uma sala de mocinhas adolescentes e ele alí, naquela situação constrangedora...

Ao levantar-se, percebemos que ele tinha uma mancha vermelha na face e Erika, mais uma vez, não podia perder a piada e saiu com essa: "Gente, ele colocou base no rosto e se esqueceu de espalhar..."

Não precisa dizer que prendemos o riso até onde deu, mas ao final, foi uma gargalhada geral... Nosso professor ficou mais vermelho ainda, perdeu a graça e para retomar o controle da situação foi um custo...rsrsrs 

É cada uma de arrepiar...




Histórias daquele tempo - Eu e Elas



Eu e Elas...

Essa foi demais! Lembrança de Daise, outra memória privilegiada do grupo. Tantos problemas elas criavam para as freirinhas do colégio, que já eram figurinhas carimbadas, quando o assunto era baderna - estamos falando de Erika e Cristina Morais, as duas amigas mais danadas do grupo. Tinham um talento nato para arranjar confusão.

Nesse dia, depois do tumulto formado, ouvia-se apenas risos, um verdadeiro burburinho entre as colegas. A insistência era para delatar as causadoras da confusão desta vez e todas apenas respondiam - EU E ELAS...ELA E EU... NÓS E ELAS... Não se chegava a uma conclusão. Ninguém queria entregar ninguém.

Depois de muito custo, sobe a Madre Superiora à sala, faz uma tremenda preleção sobre a importância de esclarecer quem teria sido as causadoras daquele tumulto todo e aí minha gente, a zorra pegou... A primeira enquete foi anônima, ninguém entregou as colegas. Veio então a segunda pesquisa, quando nos foi entregue um papel em branco, onde deveríamos colocar os nomes das responsáveis por aquela confusão...

Erika então se manifestou, dizendo que todas poderiam colocar os nomes das causadoras no papel,
para não prejudicar as demais colegas que não tiveram nada com o assunto. Assim foi feito - os nomes foram colocados e elas receberam a punição justa pelo tumulto causado.

Que meninas hiperativas!


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Histórias daquele tempo - Marinheiro desbocado



Marinheiro desbocado

Magali lembrou bem  e estava nessa também. Numa dessas escapulidas do colégio, um grupinho de amigas decide passear de ônibus, dar uma espairecida...

Estavam elas eufóricas com a travessura, quando deram pela presença de um marinheiro no ônibus. Se aproximaram, sentaram por perto, e começaram a entoar o Hino da Marinha, cada vez mais alto: " Qual cisne branco, que em noite de lua, vai navegando no mar azul..."

O marinheiro, indignado, voltou-se então para Magali e muito enfezado, passando ao seu lado, perguntou em alto e bom som se ela estava com fogo no rabo. Instalou-se aquela tensão, as meninas não sabiam o que dizer... Magali ficou murchinha, toda envergonhada, durante todo o caminho.

A surpresa com a reação do moço marinheiro não rendeu conversa durante todo o trajeto, apenas dispersaram aquela situação com novas caras e bocas e muitas risadas contidas.

Eita turminha danada!!!!

Histórias daquele tempo - O Cavalinho Azul


O Cavalinho Azul

Essa história foi bem lembrada por Erika, sua protagonista. Nunca negamos a veia artística da maioria da nossa turminha. Daí a começarmos a pensar em estrear a peça Cavalinho Azul foi um pulo. Tudo no maior profissionalismo - até diretor dispúnhamos em todas as vezes que nos encontrávamos para ensaiar. Foram meses de preparação e entrega.

Finalmente, estreamos. Com todas as honras e pompas, no Auditório do Colégio São José, cercado por um público imenso entre nossos familiares, convidados, pessoas do meio artístico, enfim, uma grande responsabilidade para adolescentes como nós, recém-saídas dos cueiros.

Sucesso absoluto! Casa cheia todos os dias de apresentação. Estávamos afinadíssimas, com o texto na ponta da língua, até que decidimos alçar novos vôos, com estréia em outras cidades do interior - Itabuna foi uma dessas cidades e nessa viagem, aconteceu um fato inusitado, que passamos a relatar em seguida.

Protegidas pelas freirinhas, nossas guardiãs, íamos sempre com um ônibus fretado especialmente para essas ocasiões. Essa era uma viagem muito esperada, principalmente por Erika, que já se interessara por um garoto que morava nas imediações do colégio e com a oportunidade dessa viagem a Itabuna, planejaram, com o endosso das demais colegas, a ida  dele, só que escondido no fundo do referido ônibus. Ele chegou a embarcar, e entre todas nós, ficou quietinho no lugar para ele escolhido, aguardando que a viagem começasse para que o casalzinho pudesse iniciar a sua ingênua paquera.

Tudo muito pensado e arriscado. Mas éramos destemidas. Tudo por uma grande aventura. A viagem começou e lá pelas tantas, eis que o rapaz foi descoberto e imediatamente expulso do nosso ônibus.
Esse deslise gerou um baita problema e por muito pouco não cancelamos toda nossa programação.

A união entre nós era tanta que nem por um momento, qualquer das amigas se pronunciou, acusando ou denunciando essa ou aquela atitude, por mais errada que pudesse ser.

Nos orgulhamos dessa turma...

Histórias daquele tempo - Streap Tease


Streap Tease

Essa história quem lembrou foi Vera Dulce. Era um dia de chuva e nós, protegidas de galocha, japona e sombrinha, chegamos ao colégio  para mais um dia de aulas.

Como de costume, deixávamos nossas sombrinhas no fundo da sala sempre abertas, para que secassem e pudéssemos voltar para casa quentinhas e confortavelmente agasalhadas.

Erika então, teve mais uma idéia - se escondeu atrás das sombrinhas e quando a aula de Religião começou, eis que ela surge, toda provocante, ensaiando um belo streap tease ... A turma gritava, apoiando mais essa travessura. A sala virava um "mangue" total e não havia nada nem ninguém que pudesse controlar a impetuosidade de 30 colegas/amigas, tão unidas.

Irmã Hermínia, tão branquinha, ficava vermelha de raiva, mas coitada, usava a tática errada - se irritava facilmente, dava aquela bronca, tentando impor a sua autoridade a duras penas... Essa forma de agir só nos atiçava mais, nos deixava com a rebeldia a flor da pele...rs

Essa alegria era a nossa marca como grupo. Sempre juntas, vivíamos procurando pretextos para burlar as normas estabelecidas, afinal, essa era a nossa patente.

Tão bom recordar...

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Histórias daquele tempo - Incendiárias


Incendiárias

As ovelhinhas negras continuavam a aprontar... Eram sempre as mesmas que tiravam o sossego das freirinhas do colégio. Fátima relatou de forma bem pertinente esse episódio. Nem todas se lembram, mas foi aterrorizante, a possibilidade de tocar fogo na sala toda. Nesse dia, sentimos em misto de medo e prazer...rs

Começamos a queimar as bandeirolas de São João dentro de uma lata de lixo, quando fomos surpreendidas com o fogo se alastrando de maneira surpreendente, colocando-nos numa situação difícil, pois o fogo subia, nos deixando desesperadas.

Começamos então a jogar água naquele fogo todo que se alastrava rapidamente, até que depois de todo susto, fomos atrás de vassouras para limpar toda a sujeira, antes que alguém nos surpreendesse com a " mão na botija".

Lembrar dessas travessuras hoje dá  um prazer enorme. Dá vontade de fazer o tempo voltar...



Histórias daquele tempo - Top Model

Top Model


Essa foi Marli quem lembrou. Sempre muito ajuizada, era a nossa conselheira, mas adorava nossas travessuras. Imaginamos até que por ser politicamente correta, não poderia declarar abertamente que curtia nossos maus feitos, mas sabíamos que sempre torcia pela próxima traquinagem.

Era a aula de Português da Pró Maria Rita, quando de supetão,  Erika, começou a desfilar por cima das carteiras da sala, culminando com uma pose sensual, abrindo a blusa da farda de educação física, mostrando o sutiã.

Não precisamos dizer como a torcida se manifestou... Algumas faziam coro, incentivando aquela maluquice e outras, mais receosas, se limitavam a sorrir e torcer para que nenhuma freira aparecesse  e surpreendesse aquele show particular. A professora ficou furiosa, se sentiu desrespeitada e muito abalada, deixou a sala sob protestos.

As consequências? Como sempre, no mínimo, uma bela advertência.

Como era exibida essa Erika! Fazia de tudo para aparecer e conseguia, porque era corajosa, rebelde sem causa, traço que sempre marcou toda adolescente daquela época.

Ter o que contar nos enche de saudade...



Histórias daquele tempo - Cigarro Maldito


Cigarro Maldito

Essa história merece registro especialíssimo, pois as protagonistas foram algumas meninas comportadas da turma. Vejam vocês que até  elas não resistiram... Marli lembrou com riqueza de detalhes dessa história, mesmo porque estava envolvida até o pescoço.

Naquela época, era um charme fumar. Todas nós queríamos aprender a dar as suas baforadas por aí...Estava na moda e nós não fugíamos à regra.

Daise, Magali, Lindaiá, estas com certeza estavam no meio da confusão nesse dia. Acreditem que de posse do cigarro maldito, elas foram escondidas para um dormitório desativado das freiras no último andar do colégio, com a intenção de fumar aquele cigarro até a baguinha.

E assim fizeram. Fumaram... Fumaram...Fumaram...

Marli, sempre às voltas com as suas crises de asma, tentou recuar, mas elas tanto insistiram, que mesmo contrariada se viu forçada a experimentar. Quando está lá no "bem bom",  na hora H, eis que surge no recinto, uma freira, pegando logo nossa amiga Marli com o cigarro maldito na boca.

Um babado forte que resultou numa bronca daquelas. Marli ficou tão traumatizada que passou a odiar cada vez mais, qualquer tipo de cigarro.

Ô idade boa!



Histórias daquele tempo - Sorvete na Cubana



Sorvete na Cubana

Dessa vez, a lembrança partiu de Gracinha, nossa memória institucional. Ela, sempre muito estudiosa e comportada, também aprontava das suas, quando num dia em que teríamos duas aulas vagas, arquitetamos fugir do colégio para dar umas voltas pela cidade.

Não lembramos ao certo quantas colegas toparam essa experiência, mas foi muito marcante pelo mico que passamos, conforme vocês vão ver...

Era um dia qualquer, como tantos outros, mas com uma particularidade - não teríamos 02 aulas seguidas, o que nos daria tempo de sair por aí... Assim fizemos. Pulamos o muro do colégio, pegamos um ônibus e rumo à Cubana, nos refastelamos de sorvetes. Antes de descer o Elevador Lacerda, começamos então a separar o dinheiro das passagens para o elevador e ônibus, quando nos demos conta de que não teríamos a grana necessária para voltarmos.

E agora? Que situação!

Criativas como éramos, fomos a uma papelaria, compramos uma folha de papel pautado e fardadas, com caras de boas meninas, improvisamos uma lista para arrecadar dinheiro com a venda de votos para a nossa candidata a Rainha do Milho.

Conseguimos nosso objetivo e voltamos serelepes para o colégio com a maior cara de paisagem, contando o feito para as demais colegas, que já haviam se dado conta da nossa falta.

Tremendas caras de pau! Esse era o nosso traço. Irreverentes, molecas, criativas, amigas.